O trabalho “Macroeconomia das Epidemias: Heterogeneidade Interestadual no Brasil”, de autoria de Geraldo Góes, juntamente com Luan Borelli, foi aceito e publicado pelo Centre for Economic Policy Research (CEPR), na sua revista online CEPR’s Covid Economic.
O CEPR é um dos mais prestigiados centros de pesquisas de políticas econômicas da Europa, fundado em 1983, para melhorar a qualidade da formulação de políticas econômicas e promover pesquisas econômicas relevantes para tomadas de decisão em setores públicos e privados. “Fomos os primeiros brasileiros a terem papers aceitos nesta revista online sobre Economia da Covid-19. Estamos muito satisfeitos com essa conquista”, comemora Geraldo.
O estudo é muito robusto, tanto metodologicamente, quanto pela calibragem realizada e é fruto de vários exercícios realizados e foram eleitas nove variáveis nas mais diversas dimensões: demográficas, econômicas e comportamentais. No trabalho foi aplicado o modelo SIR-macro, proposto por Eichenbaum et al. (2020) em sua versão completa, para estudar comparativamente a interação entre decisões econômicas e epidemias de COVID-19 em cinco estados brasileiros: São Paulo (SP), Amazonas (AM), Ceará (CE), Rio de Janeiro (RJ) e Pernambuco (PE).
“Nosso objetivo foi analisar qualitativamente como as principais diferenças intrínsecas de cada um desses estados podem afetar a dinâmica da epidemia e suas consequências. Para esse fim, computamos e comparamos o modelo de cada um dos estados, tanto em equilíbrio competitivo quanto sob a adoção ideal de políticas de contenção, e analisamos as implicações da adoção ideal de políticas. Concluímos que as características intrínsecas dos cinco estados diferentes implicam diferenças relevantes na dinâmica geral da epidemia, nas políticas ótimas de contenção, no efeito da adoção dessas políticas e na severidade das recessões econômicas. Nosso estudo pode servir de alerta para os formuladores de políticas de países de grandes dimensões e heterogeneidade interestadual como o Brasil, para a necessidade de discriminar políticas por estados ou regiões, em vez de adotar uma única política unificada para todo o país” pontua Geraldo.
Os resultados confirmam para o Brasil que o equilíbrio sem restrição epidemiológica não é socialmente ótimo. E também que as características idiossincráticas dos cinco diferentes estados analisados implicam em relevantes diferenças nas: (i) dinâmicas epidêmicas e suas consequências, (ii) nas políticas ótimas de contenção a serem adotadas por cada Estado, (iii) nos efeitos da adoção dessas políticas, e (iv) na severidade das recessões.
O modelo apresenta evidências de que a adoção de uma política única para um país geograficamente diverso como o Brasil poderia provocar consequências desproporcionais nas esferas estaduais. “Por um lado, se a política adotada por todo o país fosse abaixo da requerida por determinados estados, a consequência poderia ser a elevação desnecessária do número de mortes para estes estados. Por outro lado, se for acima da necessária para outros determinados estados, estes podem sofrer agravos desnecessários de suas recessões. Portanto, o enfrentamento da epidemia utilizando uma medida de contenção única, agregada para todo o país, poderia ao mesmo tempo tanto custar mais vidas quanto aprofundar mais a recessão econômica em relação ao enfrentamento desagregado com medidas de contenção discriminadas por estado. Uma outra conclusão é que, pela variabilidade em resultados tão epidemiologicamente relevantes, em presença desse alto nível de incerteza a contenção é a política mitigadora mais recomendável”.
Sobre o pesquisador
Natural de Manaus-AM, Geraldo é engenheiro Eletrônico pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), doutor em Economia pela Universidade de Brasília (UnB), especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental (EPPGG), pesquisador na Diretoria de Macroeconomia do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea). É professor na Escola Nacional de Administração Pública (ENAP) e professor colaborador na Fundação Getúlio Vargas (FGV). Recebeu o 1º lugar do IV Prêmio do Serviço Florestal Brasileiro em Estudos de Economia e Mercado Florestal. Autor do Livro Macroeconomia da Editora Jus Podium. Possui vários artigos publicados. Atualmente, está envolvido em pesquisas e estudos aplicados em Política Fiscal e Monetária, Macroeconomia Ambiental, Macroeconomia Quantitativa (Modelagens OLG e DSGE) e Econometria.
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